quinta-feira, 14 de junho de 2007

Entrevista com "O Teatro Mágico"

Após a apresentação do Teatro Mágico na Unesp de Bauru, integrantes da trupe concederam entrevista ao blog Greve Não É Férias.


Greve Não É Férias - Como vocês vêem a organização dos estudantes no momento atual?

Galdino
- Na verdade, a gente foi conversar com os alunos da USP ocupados na reitoria e vimos que , apesar do caos - lógico, é uma ocupação, não é um pique-nique - havia organização, proposta, reivindicações sólidas, contundentes, então a gente achou que aquilo era importante. Conversando com as pessoas, percebemos mais ainda que eles estavam engajados além das reivindicações. Os jovens estão criando uma postura política, uma consciência do que é o espaço público. A USP não é do governador, a UNESP não é do reitor, é do povo, é de todos nós. Nós apoiamos essa conscientização, esse tipo de atitude, de postura dos jovens que estão percebendo a importância de se politizar, não no sentido de dar porrada, de esmurrar, de gritar. Esse tipo de postura de quem reivindica liberdade de expressão e nega a expressão do outro não é válida. Agora, essa expressão que você se coloca pacificamente exigindo seus direitos de cidadão, esse tipo de postura política é importante e a gente apóia.

Fernando Anitelli - o que acontece é que eu sinto que as pessoas têm que agregar, independentemente da causa. Se um músico está sofrendo de abuso no trabalho, etc., outras pessoas também podem se agregar a esse movimento para ajudá-los. A grande questão é que as pessoas esperam dos artistas e dos estudantes! Cai sobre nós toda essa responsabilidade de poder reivindicar, bater de frente com algumas coisas. Você não vai espera isso de um padeiro. Você não vai chegar na padaria de manhã e econtrar o padeiro dizendo "Meu senhor, vamos lembrar dos problemas da faculdade...". Mas os estudantes que estão no movimento, presentes com força, trabalhando para isso e os músicos que estão trabalhando pela arte independente podem ajudar um ao outro. Isso é fantástico, é necessário. Se a gente não fizer isso, se os estudantes não fizerem essa movimentação, a gente fica irresponsável, pecamos por omissão.









GNEF- Como surgiu a idéia de fazer uma música sobre a juventude que está mobilizada?

Galdino - Conversando, veio a idéia de fazer uma música, uma letra que fala justamente dessa moçada que hoje é rotulada neo-hippie - esses rótulos não dizem nada. Mas o que é importante é que esses jovens são engajados, estão além do que é o virtual. Eles têm uma postura e sabem que a internet é um meio de comunicação ótimo, de idéias, de debates. Pensando nisso, a gente fez uma música que surgiu espontaneamente e que vai ser disponibilizada gratuitamente, quando terminada. Enquanto as pessoas batem, agridem e fazem decretos, a gente simplesmente se coloca de uma forma contundente, como os alunos da USP, como os alunos da UNESP aqui de Bauru. É assim que temos que nos colocar perante a sociedade: com postura, sendo ativo, tendo atividade. Não podemos nos acomodar com o que incomoda.

GNEF - Como vocês relacionam a comunicação alternativa que está acontecendo por meio de blogs entre os estudantes nesta greve e o trabalho de músicos independentes?

Galdino - A internet é um meio de comunicação importantíssimo. Você faz o seu blog, coloca a informação que você vivencia, ou seja, a gente viu uma série de coisas dentro da USP e aqui na UNESP que não são noticiadas nos jornais. Isso está quebrando o monopólio da informação. Ou seja, o quarto poder está sendo atingido frontalmente por quem realmente vê as coisas acontecerem. Não é só a informação da Folha de S. Paulo, da tv Globo, da Veja, agora tem a informação de quem está dentro da situação. Assim também é a nossa relação com a música. Canções que não estariam nas novelas, nas rádios, que não estão nos jabás, mas que as pessoas sabem cantar porque há hoje uma democracia, maior do que a democracia grega, por causa da internet.

GNEF - Qual é a mensagem que você deixaria para a geração que vai assumir o país daqui a alguns anos?

Fernando Anitelli - Vamos buscar trazer à tona aqueles personagens que a gente tem medo de expor, enfrentar as coisas que a gente teme, porque você amadurece naturalmente a partir do momento que você se joga nessas coisas. É justamente essa postura de ser ousado, a gente não pode simplesmente existir. Ser é ousar ser, a gente tem sempre que buscar esse movimento. Acho que a grande sacada é lembrar que os opostos se distraem e os dispostos se atraem.

11 comentários:

Anônimo disse...

Olá, visitei seu blog e achei interessante! Também possuo um blog relacionado com o seu, o Música Cultural

Dê uma olhadinha!
Abraço!
Tiago Hedler.

GABRIEL RUIZ disse...

O cara viajou legal, "um blog relacionado ao seu"...

J.Silva disse...

Teatro Mágico no campus mostra duas coisas:

1 - movimento de greve tá muito bem organizado

2 - ainda existe artista comprometido com a mobilização social

Parabéns aos estudantes organizado e ao Teatro Mágico.

J.Silva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
J.Silva disse...

Teatro Mágico no campus mostra duas coisas:

1 - movimento de greve tá muito bem organizado

2 - ainda existe artista comprometido com a mobilização social

Parabéns aos estudantes organizado e ao Teatro Mágico.

Unknown disse...

Companheirada,

Parabéns novamente pela mobilização tão entusiasmante que vocês estão fazendo por aí este ano. Chega a emocionar.
Todo apoio à greve e ao movimento de ocupação!
PARA BARRAR OS DECRETOS E POR UM NOVO MODELO DE UNIVERSIDADE PÚBLICA!

Viva a arte independente, parabéns ao Teatro Mágico!

Saudações ocupantes,
Pingu

Unknown disse...

Galera,
antes que alguém tome vergonha na cara e publique esse link no nosso blog (brincadeira heehehe), acessem o blog da pós-graduação da UNicamp, que explica bem quais foram as vitórias do movimento quanto ao decreto declaratório e no que ele veio pra nos enganar:

http://discutindoosdecretos.blogspot.com/

Valeu! e postem isso ae!

Carol Ferreira disse...

Que legal! Pena que não pude ficar... Ainda bem que tem o blogue para acompanhar! Muito importante o que o Fernando Anitelli fala sobre a necessidade de as pessoas se agregarem independentemente da causa. E vale visitar também o link que o Turollo colocou aqui, repetindo :)
http://discutindoosdecretos.blogspot.com/

Unknown disse...

ahahahaha...voces nao sabem da maior, fiquei sabendo que os participantes desse grupo ridiculo que se julga socialista exigiu no camarim: BOHEMIA, COCA-COLA, TODYNHO, PETISCOS!!!!!

AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH ISSO PORQUE ELE É SOCIALISTA SO FALTO PEDIR UM NIKE SHOX AHAHAHAHAHAHAH

FAAC EU ODEIO VOCES, SUMAM MORRAM PORCOS BADERNEIROS IMUNDOS.....PEDEM PRA CONTRUIR UM CAMPUS PRA VOCES EM OUTRO LUGAR........PORCOS FEDIDOS

15 de Junho de 2007 12:25

GABRIEL RUIZ disse...

Obrigado pelos elogios, sua contribuição ("eu odeio a faac") foi altamente importante pra nós.
Um beijo e Volte sempre.

Casa de Cultura disse...

Como o próprio nome da trupe diz, a apresentação deles na unesp foi mágica!
Tietagens a parte, o posicionamento deles foi mto bacana, por terem ido até a unesp integrar com o pessoal e se posicionar a favor da manifestação estudantil.
Fui ao show que eles fizeram domingo, em Cordeirópolis, perto da minha cidade (Rio Claro) e eles reiteraram durante o show o apoio ao movimento estudantil da unesp.
Beijos